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PUC-Rio
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Jornal/Revista: VEJA Data de Publicação: 21/06/2000 Autor/Repórter: Ricardo Valladares
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LOIRAS? PARA QUÊ?
O que conta nos programas infantis não são as apresentadoras, e sim os desenhos animados
Na corrida matutina dos programas infantis, um azarão vem ganhando – e por uma cabeça oxigenada de vantagem. Com 7 pontos de média, Jackeline Petkovic, do SBT, está à frente de Angélica, da Globo, e Eliana, da Record, que têm um ibope médio de 6 pontos. A liderança apertada da mais jovem das loirinhas – ela tem 19 anos – vem confirmar algo de que já se suspeitava. O público na faixa dos 4 a 8 anos de idade, que assiste televisão de manhã, escolhe o canal não pela apresentadora, mas pelo desenho animado que é exibido. Como o SBT detém a exclusividade dos produtos da Disney, Jackeline sai ganhando. Seu programa chega a durar três horas e meia, mas ela fica apenas vinte minutos no ar, em média. O restante é ocupado por desenhos como os da Turma do Pateta.
Jackeline é uma recém-chegada num segmento de estrelas estabelecidas. Há menos de dois anos, era apresentadora do programa Fantasia, aquele talk-show vespertino que lançou Debora Rodrigues na televisão. Seu desempenho agradou tanto que, em 1998, foi convidada para substituir Eliana, que assinara um contrato milionário com a Record. A nova integrante do clube das apresentadoras infantis ainda não chegou ao patamar financeiro das outras sócias. Ganha 15.000 reais por mês, entre salários e merchandising. Sua carreira é administrada pelos pais, como ocorria com Angélica no início de sua trajetória. "De vez em quando algum pagodeiro me liga pedindo para aparecer com Jackeline em fotos, para que a mídia pense que são namorados e ambos saiam nas revistas de fofocas", revela candidamente o engenheiro Guilherme Petkovic, pai e empresário de Jackeline.
Eliana diz que não está preocupada com a concorrente. Como elevou a audiência da Record de 3 para 6 pontos no horário – em grande parte graças ao desenho Pokémon –, está no lucro. A produção de Angélica é que realmente está arrancando os cabelos. De outubro do ano passado até agora, a namorada de Maurício Mattar perdeu mais da metade de seu ibope. A direção da Globo atribui a catástrofe à falta de um público-alvo bem definido. Angélica tentou, a um só tempo, falar com crianças e adolescentes e acabou perdendo espectadores de ambas as faixas etárias. No segundo semestre, seu programa sofrerá uma recauchutagem radical. A apresentadora continuará fazendo novelinhas, mas desta vez contracenará principalmente com crianças. Ela já percebeu também que o que seu público quer é assistir a desenhos animados. Vem reduzindo paulatinamente seu tempo no ar e, no segundo semestre, atacará com o japonês Digimon.
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Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 57245