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PUC-Rio
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Jornal/Revista: Jornal do Brasil Data de Publicação: 02/08/1987 Autor/Repórter:
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NO TEMPO DA FELICIDADE
A próxima novela das seis da Rede Globo vai lembrar James Dean, Brigitte Bardot, Brasília e até Cinema Novo
Desde o início da semana passada os anos dourados retornaram à Rede Globo. Nos estúdios da estação, na Usina, as luvas reapareceram nas mãos femininas e os nós de gravata voltaram a ser complicadíssimos. De novo os vestidos são rodados e os blusões de couro ajudam a compor a personalidade adolescente. Há um jeito de James Dean e Billie Holiday no ar desde que começaram as gravações de Bambolê (título provisório), a novela das seis que vai substituir, no início do mês que vem, Direito de Amar.
Como pede o horário, Bambolê é mais um telerromance água-com-açúcar, mas, desta vez, ambientado no final dos anos 50, início dos 60. Inspirada no livro Chama e Cinzas, de Carolina Nabuco, roteirizada por Daniel Más e Ana Maria Moretzsohn e dirigida por Wolf Maia e Reinaldo Boury, Bambolê é estrelada por um galã daqueles tempos: Cláudio Marzo. Ele vai interpretar um viúvo alegre e liberal que cuida da educação de suas três filhas, Myrian Rios, Thais de Campos e Isabela Garcia. Como antagonista, Joana Fomm interpreta a tia retrógrada que sempre se mete na educação das meninas. Esta é a primeira novela de Daniel Mas que, anteriormente, tinha colaborado nos capítulos de Transas e Caretas e Um Sonho a Mais. Fez também a minissérie Avenida Paulista e muitos episódios de Armação Ilimitada. Para fazer a sinopse e concluir os primeiros capítulos, Mas contou com a colaboração de dois bambas do gênero: Sílvio de Abreu e Gilberto Braga. "Na verdade, somos três cabeças pensantes, numa troca contínua de idéias e experiências", avalia o autor.
Dean e Brigitte. A novela começa em 1958 e vai até 1961. Mostra a construção de Brasília, a euforia do "Brasil, país do futuro", as saias começando a subir e os Beatles estourando nas paradas de sucesso. É James Dean fazendo a cabeça de Maurício Mattar, que vive um filho de Suzana Vieira, uma vendedora de cosméticos que se está mudando do Méier para Ipanema. É a bossa nova mexendo com Carla Daniel e Brigitte Bardot compondo o tipo de Andréa Avancini.
Bambolê vai recuperar o casal romântico vivido por Cláudio Marzo e Suzana Vieira em Cambalacho. Mas isso vai demorar para acontecer. Até lá Cláudio vai se envolver com Mila Moreira, uma viúva rica, Regina Resteli, uma corista, e Sandra Bréa, uma supervedete. Até o par romântico ser formado, Suzana estará contracenando com Herval Rossano, que volta a trabalhar como ator. Outros triângulos amorosos - que novela resiste sem eles? - estão previstos. Paulo Castelli vai dividir-se entre duas das filhas de Cláudio Marzo, Myrian e Isabela; Myrian Rios também estará sempre na dúvida entre Rubem de Falco e Rodolfo Bottino .
Mas Bambolê deve ter seu ponto alto na reconstituição de época, item em que a Globo costuma caprichar, principalmente na novela das seis. Um período destes não costuma aparecer neste horário global, mais acostumado com o Brasil escravagista, sinhás moças e adolescentes tímidos de 1800. Mas a novela tem tudo para dar certo. Afinal, o Brasil do Cinema Novo, da Bossa Nova, da briga entre a velha cap e a novacap, de uma população que acreditava no futuro parece mesmo coisa do século passado. Do jeito que a novela das seis gosta.
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Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 6565