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PUC-Rio
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Jornal/Revista: VEJA Data de Publicação: 24/10/2001 Autor/Repórter: Silvia Rogar
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AROMA DE MÉXICO
O Clone: Vera Fischer encalhada, boa audiência e falta de cuidado com a produção
Na novela das 8 da Rede Globo, O Clone, Yvete é o tipo de mulher que anda com a imagem de Santo Antônio na bolsa para ver se agarra um homem. Ela só se mete em encrenca. Quando decidiu ter alguns momentos de prazer com um garotão mais jovem, escolheu, desavisadamente, o filho de seu namorado. Acabou escorraçada por ambos, e agora se esforça para cair de novo nas graças do ex-amado. Seu destino, pelo menos por enquanto, é ficar sozinha. Espalhafatosa, Yvete é um dos esteios cômicos da trama. E a direção da novela lhe deu uma pimenta a mais tendo a idéia de escalar Vera Fischer, com todas as curvas que Deus lhe deu e o silicone ampliou, para interpretar o personagem. Vera fazendo o papel de encalhada? Pois é. "A Yvete é uma anti-heroína", diz ela. "E eu estou achando ótimo dar um tempo nas personagens superpoderosas de sempre." Em seu trabalho anterior, Laços de Família, ela era a protagonista disputada por três galãs – José Mayer, Reynaldo Gianecchini e Tony Ramos.
Vera não é nem mesmo a principal personagem feminina de O Clone. As atrizes Giovanna Antonelli e Letícia Sabatella têm tido mais tempo no vídeo do que a loiraça. Elas vivem as muçulmanas Jade e Latiffa, respectivamente, e volta e meia bancam as odaliscas. Estranhamente, Yvete, que está mais para o Sambódromo do que para o palácio de Saladino, também deu para fazer a dança do ventre na semana passada. A cena não fez o menor sentido, mas ninguém reclamou. Recentemente, a atriz se submeteu a um regime e perdeu 13 quilos. Com os atuais 63, ainda faz sonhar os marmanjos. Ela chega aos 50 anos no mês que vem. Jura que seu rosto continua intocado por um bisturi e assim deve permanecer. Como na novela, está sem namorado. "Outro dia, um cara me seguiu no shopping e pediu meu telefone. Devolvi os olhares até perceber que ele tinha aliança no dedo. Que absurdo!", indigna-se. É impressionante como Vera Fischer mudou.
O Clone vai bem de público, que não está nem aí para a sua trama estapafúrdia. Mas já virou motivo de comentários a falta de cuidado com a produção da novela. A iluminação, por exemplo, é das piores que já se viu. Não tem nuances e tinge todos os ambientes de um tom alaranjado. Além disso, nos closes, realça (quando não aumenta) as imperfeições de pele dos atores. Nos casos de Giovanna Antonelli e de Vera Fischer, o trabalho de iluminação é particularmente desastroso. O rosto da primeira, de tão cheio de crateras, mais parece uma praça bombardeada de Cabul, a capital afegã. Quanto a Vera, ela deveria estar fula da vida com o que estão fazendo com o seu pescoço. Quando a iluminação é ruim, não há maquiador que faça milagre. No tempo de Boni, uma novela da Globo jamais teve esse tipo de problema. Os desleixos técnicos levam a crer que O Clone representa mais um passo da emissora rumo à mexicanização de seus produtos.
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Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 73260