PUC-Rio

Voltar

Nova Consulta

Jornal/Revista: Folha de S. Paulo
Data de Publicação: 28/10/2001
Autor/Repórter: Paloma Cotes

NOVELA AUMENTA PROCURA POR CURSOS DE DANÇA DO VENTRE

Inspirada em personagem, moda lota as aulas em SP; em alguns casos, crescimento chega a 80%

Desde 1º de outubro, data de estréia da novela global "O Clone", as academias paulistanas de dança do ventre tiveram um significativo aumento na procura pelos cursos. Em alguns casos, a procura chegou a aumentar 80%.

São crianças, adolescentes e mulheres que procuram pela dança oriental inspiradas em Jade, personagem vivida pela atriz Giovanna Antonelli. Algumas buscam o resgate da feminilidade, uma nova prática de sedução e saciam a curiosidade em relação ao exotismo passado pelos movimentos ondulados.

A veterinária Flavia Jager, 27, já faz aulas de dança do ventre há dois anos e meio, no clube judaico Hebraica. Ela lembra que a divulgação era pequena.

"Eu não conhecia pessoas que fizessem, nem muitos lugares que oferecessem os cursos", conta.

Segundo professoras ouvidas pela Folha, é preciso pelo menos um ano para aprender as noções básicas da dança. Para ser profissional, são necessários cinco anos.

Mesmo assim, a nova febre tem lotado as salas de aula das academias e dos estúdios especializados de São Paulo. No Studio Stella Aguiar, que ensina dança do ventre há quatro anos, havia somente quatro turmas. Menos de um mês de novela fez com que a proprietária abrisse mais três horários.

No espaço Khan el Khalili o movimento cresceu 40%. São quase 500 alunas. No Fairuza Danças Folclóricas, o número de inscritas subiu de 40 para 70.



Feminilidade

Para Lulu Sabongi, 35, professora há 11 anos no Khan el Khalili, a dança atrai, pois resgata a feminilidade. "A dança traz de volta nossos instintos, devolve a liberdade feminina de expressar através do corpo, com movimentos delicados, um exercício de sedução."

Segundo Cláudia Cenci, responsável pelas coreografias de "O Clone", a dança passou a ser vista não como uma prática vulgar de sedução, mas como uma atividade sensual que pode ser feita por qualquer mulher.

"No começo, algumas alunas têm dificuldade em enfrentar o espelho. Poucas aulas depois, elas descobrem que seu corpo pode ser responsável por um movimento tão gracioso, que já não importa mais a forma física", diz.

Nas academias, as mensalidades variam de R$ 45 a R$ 100, para aulas semanais com duração entre uma hora e uma hora e meia.

Para os adeptos, a dança do ventre trabalha com todas as articulações do corpo, pernas, braços e glúteos, arredonda o quadril, diminui cintura e abdômen, alivia cólicas e tensão pré-menstrual. Em cada aula, é possível perder de 350 a 400 calorias.

Não há registro preciso sobre onde e quando começou a dança do ventre. Acredita-se que tenha surgido há mais de 7.000 anos.

AVÓ DIZ SE "MAIS SENSUAL"

"Quando danço, me sinto mais sensual, feminina e alegre." A autora da frase que exprime sentimentos comuns entre as praticantes de dança do ventre é Jeanete Scapatício. Aos 59 anos, ela redescobriu a feminilidade nos movimentos da dança oriental. "É tudo muito delicado e suave. Meu marido, meus filhos e meus netos adoram, principalmente por causa das cores e dos brilhos."

Jeanete descobriu a dança ainda criança, nos filmes. "Eu via aquilo na tela e ficava pensando em como era bonito. Agora, com a novela, a dança ganhou mais destaque e eu continuo admirando."

A mais jovem da turma é Damaris Gugliotti, 13, levada à academia pela mãe, que já dançava no Khan el Khalili. "Todas as minhas amigas fazem axé e street dance. Mas eu gosto é de dança do ventre. Eu me sinto mais adulta quando estou dançando." Damaris diz despertar curiosidade na escola. "As pessoas me pedem para dançar, ficam perguntando se é difícil", afirmou ela.

A economista Maria Elizabete Moreira, 32, já havia praticado natação, judô e jazz. Mas foi na dança do ventre que encontrou a atividade física ideal. "Acabei descobrindo sentimentos dentro de mim que eu desconhecia. Isso tudo aliado a uma música e cultura fantásticas e movimentos sensuais", afirmou.

Já Margareth Aleixo, 17, usa a dança para vencer a timidez. "Estou muito menos inibida. Quando começo a dançar, parece que visto uma personagem. Não sou mais a Margareth, e sim uma mulher que se conhece e é capaz de tudo", afirma.

Voltar

Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 73346