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Jornal/Revista: Pay TV
Data de Publicação: 01/04/1995
Autor/Repórter: Mônica Teixeira

GLOBOSAT QUER SEGUIR OS PASSOS DE QUALIDADE E LIDERANÇA DA GLOBO

O novo diretor geral da Globosat, Alberto Pecegueiro, pretende transformar a empresa numa "fábrica de canais". Propõe a "tropicalização" das programações estrangeiras, de olho na estrutura de produção da mãe-Globo.

A briga é saudável para o mercado e vantajosa para o telespectador. Disputando uma a uma as residências brasileiras, TVA e Globosat acabam tendo que dar o melhor de si para conquistar o consumidor. A competição por liderança se transforma em corrida por qualidade, seja na distribuição, seja na programação.

E, justamente em uma fase em que o mercado brasileiro se mostra irresistivelmente apetitoso para investimentos estrangeiros na área e em que os gráficos de crescimentos apontam lá para cima, Alberto Pecegueiro assume a direção geral da Globosat.

Já são três anos e meio de vida, mas pelo menos dois às voltas com problemas na distribuição. No início, tanto TVA como Globosat se defrontaram com esse obstáculo e o resultado foi que "o crescimento dos assinantes não foi proporcional aos investimentos". Com a criação da NET Brasil em 1993, a Globosat passou a bola - e todos os problemas - da distribuição para esta nova empresa. Apesar de ter sociedade com a própria Globo, a NET permitiu o repasse de responsabilidades e o início do processo de cabeamento.

Pecegueiro acredita que essa divisão de tarefas foi a grande sacada da Globosat. "A TVA permanece nesse erro de ser programadora e distribuidora ao mesmo tempo", rivaliza, o executivo, sem perder a oportunidade de estocar a concorrente.

Com uma distribuição competente, o número de assinantes que estava pouco acima de 50 mil no final de 93 chegou a 212 mil no fim de 94 e o faturamento do mercado de TVs por assinatura neste mesmo ano atingiu a marca dos US$ 10 milhões. Pecegueiro acredita que agora tudo está resolvido. "O lançamento de cabos desatou o nó da distribuição e, neste momento, nossa prioridade passa a ser a programação."

Como exemplo da preocupação em elevar a qualidade da programação, a Globosat anuncia que acaba de contratar o ex-supervisor de programação da Rede Bandeirantes, Roberto Oliveira, para assumir o cargo de consultor de programação da Globosat.

Manter a liderança - "Agora o negócio passa a ser atraente para players do mundo inteiro", diz. Alguns exemplos do interesse de empresas internacionais no Brasil já podem ser citados. A FOX foi a primeira, mas outras estão seguindo seus passos no sentido de fornecer uma programação totalmente em português para o público brasileiro. E ainda, a HBO e sua mais nova criação, a HBO2, deixam claro que investir no Brasil virou um negócio da China.

Também para anunciantes. Pecegueiro acredita que, a partir deste momento, os canais por assinatura vão se converter em atrativos para o mercado publicitário. A previsão é de que em 95, cerca de 30% do faturamento venham de publicidade. O profeta dessas previsões gaba-se de ter no currículo uma passagem pela Editora Abril e um papel importante no redesenho de vendas de publicidade na empresa: "em 1992, a Editora Abril teve um crescimento de mais de 50% na sua receita".

Apesar das facilidades que o momento apresenta, a Globosat tem a árdua missão de não perder pontos nesse jogo. "Minha orientação", confessa Pecegueiro, "é a de participar do desenvolvimento do mercado e manter a liderança da Globosat".

Para isso, o novo diretor geral pretende transformar a Globosat em uma verdadeira "fábrica de canais" - expressão que ele próprio criou, ou seja, "uma empacotadora de conteúdo". Atualmente operando com quatro canais - Novo Telecine, SporTV, GNT e Multishow - a Globosat, sob as rédeas de Pecegueiro, quer multiplicar esse número e promete que até o fim deste ano algumas novidades vão estar pintando na telinha dos assinantes.

Qualidade global - Isso será possível, segundo os planos do diretor, através da tropicalização de canais internacionais. O que significa adaptar os produtos que são feitos lá fora para o público brasileiro, seja através da dublagem ou legendagem dos programas, seja através da criação de vinhetas nacionais ou até de uma mexida na grade de programação ou ainda, através de incentivos a co-produções brasileiras, a exemplo de programas como o "Manhattan Conexioní, "Esporte Real" e o "GNT Fashion", estréia recente sob o comando da modelo e atriz Beth Lago. Tudo isso, é claro, buscando uma aproximação "sinérgica" entre Globosat e a produção da própria Rede Globo, com o objetivo de imprimir o selo de qualidade internacional Globo também na programação da sua TV por assinatura.

A Rede Globo anda investindo pesado na estrutura de produção. O Projac, uma gigantesca área transformada nos novos estúdios Globo, é a prova dessa predisposição. "É possível que a Globosat possa usufruir dessa estrutura" explica Pecegueiro.

Definitivamente a Globosat quer se afirmar como "a única programadora de canais por assinatura totalmente brasileira". E o grupo Globo expressa nitidamente a disposição de ter com a Globosat a mesma qualidade e liderança que tem com a Rede Globo.

E a partir do momento que o crescimento de assinantes se acelera, a programação tem um salto de qualidade e o capital estrangeiro redobra sua atenção neste país sul-americano, o faturamento com publicidade acompanhará o otimismo do mercado.

"A concorrência vai aumentar, mas a resposta é manter o ritmo puxado de investimentos", diz Pecegueiro. E, hoje, se aproximando de 300 mil assinantes, a Globosat não hesita em afirmar que chegará ao final do ano com 500 mil.

Com todos esses planos e a expectativa de faturar muito, Pecegueiro finaliza: "Estamos vivendo a era em que o consumidor é o rei".

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Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 77171