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Jornal/Revista: Jornal do Brasil
Data de Publicação: 26/04/1973
Autor/Repórter: Valério Andrade

ELVIS AINDA É REI

Para Elvis Presley o sonho americano foi (e ainda é) uma realidade ao vivo.

Nascido em Tupelo, Estado do Mississipi, filho de pais pobres, Elvis Aron Presley não precisou estudar ou ter professor de música para transformar-se em ídolo da música popular. Alguém capaz de ganhar um milhão de dólares em um ano. Isto ocorreu em 1956, quando o rock'n'roll estava no auge, e Elvis, cem o seu rebolado, era uma excentricidade discutida, atacada, amada.

Tudo fazia crer que, quando acabasse a onda do rock, o ex-motorista de caminhão voltaria ao anonimato. Mas o twist veio, foi embora e ele continuou firme e forte. Na década de 60, houve o que houve, a música pop liquidou com a maioria dos ídolos convencionais, mas Elvis. um produto típico dos anos 50, sobreviveu à contestação musical, sem abandonar a sua imagem.

Hoje, aos 38 anos, Elvis Presley continua em cartaz numa América bem diferente da que o elevou ao estrelato. E, como se viu em seu show no Havaí, transmitido pela Globo, ele continua sendo rei para a vibrante platéia que foi vê-lo.

Do ponto-de-vista técnico, como espetáculo de TV, a equipe responsável pelo show gravado no Havaí evidenciou a habitual eficiência norte-americana. Com várias câmeras espalhadas no recinto, equipamento de som perfeito. um trabalho de montagem dinâmico, tivemos um bom trabalho sobre o Elvis 70 em ação.

Seguindo a tradição americana que fez a glória de Bing Crosby, Frank Sinatra, e ao contrário de outros cantores da atualidade, El-vis jamais despreza a participação ativa do público. Deixando-se beijar, apertando mãos, distribuindo lenços, Elvis alimenta o ideal mítico fabricando pela publicidade e cultivado à distancia pelo público. No ritual do espetáculo, ao vivo, ele desenvolve a técnica ilusória que o artista de cinema cria na tela. Pois, no palco, como no cinema, a ilusão é fundamental à existência do mito.

Por ser um intérprete ativo, que corteja em lugar de agredir o público, que canta sem dar a impressão de estar fazendo um favor aos ouvintes, Elvis Presley consegue magnetizar a platéia com sua exuberante imagem pessoal. Inexistente como ator, Elvis como Elvis, e aí já não importa se é bom ou mau cantor, existe como mito.

Agora, por trás desse espetáculo que vimos na televisão, há ta da uma complexa máquina em movimento. Elvis não corre risco em seu contato com o público. Antes de surgir no palco, tudo foi ensaiado, testado, preparado para o sucesso, conforme vimos no documentário Elvis - That's the Way It Is que girava em torno de um show equivalente a esse do Havaí. Na América, pelo menos, ninguém é ídolo por acaso.

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Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 836