PUC-Rio

Voltar

Nova Consulta

Jornal/Revista: Jornal do Brasil
Data de Publicação: 26/03/1989
Autor/Repórter: Helena Tavares

A PRAÇA 11 NÃO ACABOU

A novela Kananga do Japão reconstrói o local com o visual que tinha nos anos 30

O mais novo investimento da TV Manchete chama-se Kananga do Japão. Prevista para estrear em junho, a novela já exige o suor de mais de 200 profissionais,, todos envolvidos na elaboração e construção de uma cidade cenográfica em Grumari. Ela ocupa mais de 6 mil metros; quadrados e vai se transformar numa réplica da Praça 11 dos anos 30. Tudo em função da história escrita por Wilson Aguiar Filho e dirigida por Carlos Magalhães e Tizuka Yamasaki. Ao cenógrafo Rodrigo Cid coube a tarefa de copiar o casario, as lojas, o chafariz, a linha de bonde, o colégio Instituto Benjamin Constant e a famosa casa noturna Kananga do Japão, existentes na praça daquela época. Mas quem tem boa memória ficará intrigado com a súbita aparição de um cinema e uma sinagoga. Os pontos, na verdade, nunca existiram. São obra da ficção.

Rodrigo Cid estreou há um ano na Manchete. Veio para trabalhar na linha de shows e fez os programas Milk-Shake e Ele & Ela, além de especiais. Mas seu currículo é extenso. Aos 60 anos, já passou pelas extintas TVs Excelsior e Tupi, até se consagrar na TV Globo com a assinatura dos cenários de novelas como Guerra dos Sexos, Vereda Tropical, Transas e Caretas e Direito de Amar. "São 46 anos de trabalhos, sempre na mesma profissão, que aprendi com meu avô e meu pai", conta. Seu primeiro contato com a cenografia aconteceu no antigo estúdio da Cinedia. "Tinha 10 anos e fiquei deslumbrado com o tamanho do local", recorda. Autodidata, Rodrigo hoje comanda o departamento de cenografia da Manchete e conta com artistas plásticos e arquitetos.

Para desenvolver o projeto de Kananga do Japão a equipe mergulhou fundo em material fotográfico e documentos vindos do Museu da Imagem e do Som, Arquivo Nacional e Biblioteca Nacional, além de muitos livros da época. Tudo que continha informações sobre a antiga Praça 11, lugar onde vivia a chamada ralé e que a classe média não freqüentava. "Descobrimos, por exemplo, que o chafariz que estava na praça 11 na década de 30 está hoje no Alto da Boa Vista. Ele foi reproduzido com exatidão e vai jorrar água e tudo", antecipa Rodrigo. Também o Instituto Benjamin Constant terá 18 metros de comprimento por 8 de altura e o casario respeitará a fachada original. "Isso sem contar a rua de paralelepípedo e o bonde que circulará para baixo para cima", completa. Tudo imaginação deste cenógrafo que usa, principalmente, madeira, fibra de vidro, compensado e isopor. "Na tela o cenário cresce e dá a impressão que é real. A gente faz tudo para mostrar uma realidade fictícia. Aí está a magia da minha profissão". O desafio atual é aprontar a cidade em 40 dias. "Isso é verdadeiro", garante.

Voltar

Fonte: Banco de Dados TV-Pesquisa - Documento número: 9014