‘IBOPE DE NOVELA É COMO PLANTAÇÃO’
O ano de 2004 promete marcar a virada da Rede Record, pelo menos é o que garante o presidente da emissora, Dennis Munhoz. Depois de um tempo em regime de contenção de despesas, a Record investirá R$ 30 milhões em equipamentos e rede. Vai entrar no mercado de novelas e acredita que será viável até alcançar a Globo, mesmo que seja a longo prazo.
O GLOBO: A Record voltará a produzir novelas. Não pensa em fazer minisséries?
DENNIS MUNHOZ: Trabalhamos com novelas, é a paixão do brasileiro. Ainda não pensamos em minisséries. “Metamorfose” vai estrear em março às 20h15m, com 140 capítulos, e em agosto deveremos ter outro horário. Quanto às séries, renovamos “Turma do gueto” com a Casablanca por pelo menos mais quatro meses, que é a duração do contrato.
O GLOBO: Qual seria a audiência considerada boa para a novela da Record?
MUNHOZ: Ibope de novela é como uma plantação: plantamos e colhemos. Precisamos criar no telespectador o hábito de ver a novela da Record. Se a primeira for boa, todo mundo vai ver a segunda. Trabalhamos sempre com dois dígitos. Damos o máximo, não nos acomodamos. Alcançar a Globo neste quesito é viável, mas a longo prazo. Ela tem 40 anos de experiência em novelas, mas não usamos isso como desculpa. Vamos bater a Globo, mas demora.
O GLOBO: Este é o momento certo de investir?
MUNHOZ: O mercado está ruim desde 1998. Mas se esperarmos que ele melhore não investiremos nunca. Passamos os últimos três anos em contenção de despesas, pondo a casa em ordem, administrando e resolvendo os problemas. Agora estamos prontos para o segundo lugar.
O GLOBO: O que a Record está fazendo para chegar a este segundo lugar?
MUNHOZ: A concorrência está ficando mais acirrada, tem mais gente querendo comer o bolo. Para ficarmos com o quinhão maior temos que melhorar. Estamos pondo na cesta o que o público e o mercado querem: novelas, esporte, jornalismo, programas infantis, séries. Vai ter de tudo e com boa qualidade. Isso não encontramos nas outras emissoras. Nosso momento é bom, nosso share aumentou e a segunda colocada vem perdendo audiência.
O GLOBO: Como ficará o jornalismo neste bolo?
MUNHOZ: Diferentemente do que saiu na imprensa, o “Passando a limpo” não vai sair do ar. O jornalismo sempre será nosso carro-chefe, dá credibilidade. O jornalismo da Record é independente e autônomo. Hoje temos várias opções, em diversos horários.
