UMA ATRIZ QUE DEFENDE O PRODUTO NACIONAL
A participação de Bete Mendes em “Seus olhos”, nova novela do SBT, foi curta e marcante. Sua personagem, Edite, mãe da protagonista Marina (Carla Regina), morreu no sétimo capítulo. Mas a atriz não vai ficar muito tempo fora do vídeo. A partir de amanhã, no “Vale a pena ver de novo”, da Rede Globo, ela volta na reprise de “Terra nostra”, em que viveu a italiana Ana. De novo, será mais uma aparição relâmpago, já que a mamma de Giuliana (Ana Paula Arósio) morre no início da trama, reaparecendo depois em flashbacks .
— Acho maravilhoso estar no ar novamente, porque se trata de um trabalho de qualidade. É gostoso a gente rever uma novela que as pessoas acharam bacana — comemora a atriz, de 55 anos, que faz a defesa do produto nacional. — É melhor reprisar uma coisa nossa do que exibir um filme estrangeiro.
No momento, Bete está curtindo merecidas férias. Não tem nenhum projeto profissional em vista, mas está aberta a convites. Ela só aguarda o lançamento do filme “Vestido de noiva”, de Joffre Rodrigues. O longa, que tem ainda Marília Pêra, Letícia Sabatella, Simone Spoladore e Marcos Winter no elenco, terminou de ser rodado em fevereiro e deve estrear no segundo semestre.
— Quero um mês para cuidar de mim um pouco e da minha casa. Não é uma coisa planejada. Resolvi me dar esse tempo porque não estou trabalhando — conta.
Apesar de talento e experiência, aos 36 anos de carreira a atriz não tem contrato fixo com uma emissora. Na Globo, seu último papel foi na minissérie “A casa das sete mulheres”, em que interpretou Ana Joaquina. No SBT, o acordo também foi por obra certa. Bete acha que não ser contratada tem lá suas vantagens e desvantagens:
— É muito difícil dizer o que é melhor. Quem é contratado tem a garantia de conseguir um trabalho atrás do outro. Por outro lado, pode ser prejudicado se tiver algum projeto pessoal. Quem não tem contrato vive a insegurança de não receber um salário todo mês. Mas tem liberdade para procurar trabalhos — diz.
Os altos e baixos da profissão já não a preocupam mais. Hoje, morando no Rio, ela leva uma vida tranqüila e confortável. Bete diz que alcançou a estabilidade:
— Evidentemente, eu gosto mesmo é de trabalhar. Não agüento ficar muito tempo parada. É horrível.
A atriz passou um mês gravando “Seus olhos”. Foi sua primeira novela no SBT. No lançamento, dia 11 de maio, nos estúdios da Anhangüera, em São Paulo, ela ganhou do elenco uma festa de aniversário surpresa, com direito a bolo. Deu o primeiro pedaço para o diretor de teledramaturgia David Grimberg e fez um pedido: “Que ‘Seus olhos’ faça sucesso. Se não fizer, vou armar uma passeata”. (A novela tem obtido médias de audiência de 8 pontos. Já a trama anterior, “Canavial de paixões”, registrava 14 pontos).
Bete não arrisca fazer um prognóstico do desempenho da nova novela, porque fez uma participação curta e não está assistindo aos capítulos. Mas ela garante que sua experiência foi interessante:
— Encontrei uma emissora que não tem o costume de produzir novelas e reencontrei vários amigos como Regina Dourado (intérprete da Mafalda), Henrique Martins (diretor) e David Grimberg.
Bete torce para que emissoras como SBT, Band e Record invistam em teledramaturgia. Para ela, é a chance de ampliar o mercado de trabalho e dar opções ao público:
— O jeito brasileiro de fazer novela é melhor do que o mexicano. Não discuto o texto. Adoraria que tivesse outra emissora, além da Globo, produzindo no Rio. Gostaria muito que houvesse mais investimento em autores brasileiros.
